História de um Casamento
O filme inicia com a tarefa de um terapeuta de casal, que consiste em ambos elaborarem uma lista daquilo que admiram um no outro. Tarefa que é cumprida por Charlie e Nicole de forma admirável, onde vemos as qualidades de um e de outro sendo reconhecidas pelo parceiro.
De maneira simbólica e realista, História de um Casamento percorre todo o processo de divórcio a partir da absorção e percepção de seus protagonistas.
O filme apresenta as dificuldades de se encerrar um casamento tanto do ponto de vista emocional como burocrático. Percebe-se o desgaste do divórcio e os efeitos práticos que isso reflete no casal, que se transforma em um doloroso processo de ruptura, gerando novas visões, defeitos, desilusões e traumas, em uma espiral em pleno declínio.
Podemos identificar no filme, que durante o processo de separação os personagens passam por momentos de negação e de imaturidade que resultam em atitudes infantis em ambos. Como também há breves períodos marcados pela frustração e pelas acusações mútuas, com direito à reatividade e descontrole, bem como momentos marcados pelo afeto.
Outro elemento considerável, que abala a relação é o fato de Nicole suspeitar (e depois confirmar) que Charlie foi infiel em uma ocasião. Ela se dá conta que o marido a traiu com uma assistente. A infidelidade e a magoa e se transforma em muita raiva contida que vem à tona durante o processo da separação.
Através desse filme podemos perceber e entender as fases do luto que estão presentes na separação do casal:
Negação – primeira reação à perda iminente; mecanismo de defesa psíquico diante da dor emocional.
Raiva: pode ser direcionada a si próprio (por não conseguir reverter a situação) para o outro e para a vida.
Negociação ou Barganha: geralmente acompanhada de culpa e arrependimentos; tentativas de obtenção de uma nova oportunidade através de súplicas, promessas e juramentos.
Tristeza ou Depressão: reação normal e apropriada em relação ao sofrimento vivenciado no momento; assimilação, lamento/pranto pelas perdas e pelo que não vai ser vivido. Nessa fase é esperada grande labilidade emocional.
Aceitação: da realidade e das mudanças; propicia a acomodação de uma nova vida, novos planos e oportunidades.
Quando olhamos pela perspectiva de um retrovisor, nos perguntamos: afinal, quando começa o fim de um casamento?
A vida a dois talvez seja uma das experiências mais complicada no que tange às relações humanas. Comprometimento, conexão emocional e habilidades de resolução de conflitos são requisitos na busca da satisfação conjugal, mas nem sempre é possível, pois existem duas percepções distintas da vida, expectativas de cada um, temperamentos, histórias familiares e padrões relacionais diferentes.
Em contrapartida, Sue Johnson diz que o “amor é um processo de afinação constante. De conexão, erro e má interpretação de sinais. De desconexão, reparo e de recuperação de uma conexão ainda mais profunda. É a dança do encontro, separação e reunião, minuto a minuto e dia a dia.”
Eu acredito nisso! E você?
Psic. Marlei Rigo Bonissoni